Tai Chi Chuan e Breaking
os usos e as relações no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro)
Palavras-chave:
MAM, Breaking, Tai Chi ChuanResumo
Um marco importante presenciado em minhas visitas ao acompanhamento do grupo de interlocutores investigados para a pesquisa de dissertação torna-se aqui, o tema desse trabalho. A saber, os modos de usos e contra-usos da área externa do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, por grupos de praticantes de Break e de Tai Chi Chuan. O lugar é o mesmo, os horários aos encontros para as realizações das práticas também podem coincidir, contudo, o modo como se dá a atuação via linguagem corporal é diferente. Os B. Boys e as B. Girls normalmente executam movimentações mais aceleradas e no nível médio e baixo. Já os praticantes da arte marcial chinesa atuam em movimentos mais calmos e suaves e no nível alto. E, se não fosse os séculos de nosso processo histórico reservado à brutal violência da escravidão poderia até ser “mera coincidência” o primeiro grupo ser de negros e o segundo de brancos. Constatação que per si delimita, literalmente, no ambiente e no espaço geográfico da estrutura física do museu, fronteiras entre quem “pode”, e onde “pode” ou “não pode” Impedimento reservado ao caso dos grupos Breaking, que são majoritariamente jovens negros e homens, delimitados à realização de seus encontros aos vãos das laterais do MAM. Enquanto ao grupo de maioria idosa e branca fica permitido as aulas ocorrerem de fronte à entrada do museu. A partir de tal exemplo-questão é possível, e visível, questões étnicos-raciais, econômicas, sociais, culturais e políticas, que não cabem à justificativa de permissão de uso para um e não para outro, sobre a afirmativa de poder “atrapalhar a passagem”.