Dissidência e cidade
narrativas e estéticas em coletivos de cultura
Palavras-chave:
Cultura, Coletivo, Cidade, Narrativa e EstéticaResumo
Na atual pesquisa, refletimos sobre os coletivos culturais, a partir dos estudos da estética e da narrativa. A expressão do ativismo dos grupos de cultura é altamente mediada por manifestações de arte como música, dança e teatro nos espaços públicos. As narrativas estéticas, nesse sentido, ao mesmo tempo que promovem sociabilidade também enunciam posicionamentos políticos do grupo, revelando uma organização particular do discurso. A experiência cultural, desse modo, mobiliza narrativas sobre a cidade em que se vive e a cidade na qual se anseia viver. Nos recorrentes descompassos entre o planejamento urbano (ville) e as aspirações dos grupos de cultura (cité), surgem modos de expressão particulares vinculados a organizações desinstitucionalizadas, horizontais, colaborativas, altamente precárias do ponto de vista estrutural e por vezes ilegais. Nos interessa entender, do ponto de vista narrativo e estético, quais são os discursos que surgem neste contexto? Um dos pontos de chegada a esta pergunta se refere ao campo das sensibilidades e do afeto. Notamos que é sob o terreno fértil do afeto que estes grupos elaboram narrativas sobre si e sobre a cidade. A relação entre afeto, engajamento político e narrativa estética, produzida em um contexto de pouco incentivo às atividades de cultura, articula cenas culturais pujantes advindas de vínculos cotidianos dos atores sociais em situação de precariedade. Estas e outras questões são discutidas na atual pesquisa que realizamos desde 2016 com diversos coletivos de cultura na cidade do Rio de Janeiro vinculados ao skate, à música independente, ao carnaval, às festas de rua, ao rap e aos sambas de roda.