Dificuldades de aprendizagem
uma construção social?
Palavras-chave:
Dificuldade, Aprendizagem, DiagnósticoResumo
Neste artigo compartilhamos inquietações e provocações sobre o conceito de dificuldades de aprendizagem. Partimos de uma reflexão sobre a apreensão deste na literatura hegemônica e sobre suas implicações para a prática pedagógica. O conceito de dificuldades de aprendizagem é polissêmico e complexa é a sua apreensão. Nesta medida, identificamos compreensões diversas e até controversas sobre o conceito. Nossa fundamentação teórica passa por autores como Fonseca (2015), Boaventura (2017), Maturana (1982, 1988, 2001, 2015), Hooks (2013) e Patto (1999, 2000, 2005). Inicialmente, buscamos analisar os critérios utilizados nos diagnósticos de dificuldades de aprendizagem para, em seguida, questionarmos a legitimidade dos apontamentos hegemônicos a fim de defendermos que o conceito de dificuldade de aprendizagem é uma construção social e volátil. Ressalte-se que o panorama histórico da educação no Brasil, o modelo educacional e a necessidade de justificar a grande disparidade socioeconômica alicerçam nossa inclinação por defender as dificuldades de aprendizagem como produto da vida social. Esta defesa visa dar à luz outras formas de ver e estar no mundo. Entendemos ser fundamental, antes de rotularmos e estigmatizarmos, observarmos e respeitarmos as especificidades de cada pessoa. Aliás, há "dificuldades" que talvez sejam "diversidade", definidas por meio de uma leitura enviesada de mundo que inferioriza conhecimentos não hegemônicos e ignora as possibilidades de releitura do mundo.