Os processos de transexualização e os dispositivos químicos de mudança do corpo

Resumo

Desde a década de sessenta com o advento da pílula anticoncepcional, homens e mulheres têm pensado muito nos seus corpos a serviço de si mesmos. Para tanto, as modificações corporais tem sido procedidas em todas as camadas da sociedade de diversas formas. Importantes agentes dessas transformações são as substâncias químicas, tais quais a toxina botulínica, o silicone e especialmente os hormônios. O uso desses agentes químicos com intuito de modelagem corporal tem chamado atenção no que diz respeito ao processo transexualizador, vivido por transexuais e travestis, que misturam histórias de êxito e catástrofes. Nesse trabalho, pretende-se fazer uma análise das trajetórias de mulheres transexuais e travestis no processo de reconstrução e adequação de seus corpos, tendo em vista principalmente o uso dos hormônios e outras substâncias químicas nesse processo. É reconhecido que são processos múltiplos e terão diferentes caminhos e resultados se processando pelas diversas vias que se encontram nessas trajetórias, portanto é pretendido fazer uma análise multidisciplinar dos processos através da ótica de mulheres transexuais que tenham ou não passado pelo processo cirúrgico, travestis e profissionais da saúde correlatos a pesquisa e todos da região do Noroeste Fluminense do estado do Rio de Janeiro. Para tal, em um primeiro momento, debruçamo-nos sobre as pesquisas já realizadas em diversos campos como a saúde, as ciências sociais e a psicologia, além de coletar dados em documentados por mulheres transexuais e travestis em forma de vídeos a respeito de seus processos e também em entrevistas realizadas com a população alvo, residente na região. Em um segundo momento, pretende-se analisar o processo visto de fora por profissionais da saúde que já tenham tido contato com a transexualidade e a travestilidade, obtendo assim uma visão mais ampla e próxima das diversas realidades encontradas.