O “herói” negro como símbolo de brasilidade
a construção do “sem nenhum caráter” de Mário de Andrade
Palavras-chave:
Modernismo, Macunaíma, SambaResumo
O presente trabalho aborda a construção da identidade nacional brasileira – um conceito que já traz muitas questões controversas e que gera outras discussões, como a ideia de tradição e costumes –, durante a década de 1920, pautado em uma breve análise de Macunaíma escrita por Mário de Andrade, ícone do movimento modernista brasileiro. Ainda no corpo do trabalho, analisamos a figura de Macunaíma, uma figura excêntrica, de atitudes e peripécias tamanhas, consagrada na expressão “herói sem nenhum caráter” e o como essa ideia está presente na construção da identidade do homem negro no Brasil, a partir da análise de alguns sambas que questionam ou reiteram essa figura como “Canto das três raças” de Clara Nunes e “Agoniza, mas não morre” de Nelson Sargento. Pensar em Macunaíma é pensar, entre outras querelas, na ideia de identidade, de “caricaturização nacional”. É pensar na figura de um ícone tido como consagrado na literatura nacional e pelo movimento modernista brasileiro, que por vezes remonta nossa história de forma sarcástica, irônica e com alto grau de erotismo. Pois bem, a intenção deste trabalho é fazer um diálogo, senão um recorte desse quebra cabeça que é a construção inacabada de identidade(s) nacional(is), entre literatura e música – duas configurações da palavra (escrita e falada) que neste artigo vai se revelar por simbiose – não no sentido de aglomeração ou junção de dois aspectos, a priori, distintos de linguagem e expressão –, mas de associação e conexão de sentidos. Além desse material, utilizamos as expressões poéticas carregadas de simbolismo e pertencimento da cultura afro-brasileira que compõe